Pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein (Nova York) e da Universidade de Michigan (Ann Arbor) examinaram os efeitos sobre o comportamento dos distúrbios respiratórios do sono (DRS). Para isso, os pais foram perguntados sobre sintomas de DRS em ≥ 2 levantamentos aos 6, 18, 30, 42, 57 e 69 meses. Os pais também completaram o Questionário de Capacidades e Dificuldades aos 4 (n = 9140) e 7 (n = 8098) anos.
As análises produziram cinco diferentes grupos ("clusters") de trajetórias dos sintomas de DRS, que puderam prever ≈ 20% a 100% de uma maior chance de comportamento problemático, controlando para 15 possíveis fatores de confusão. Muitos desses sintomas de DRS surgiam precocemente, com picos de intensidade até mesmo antes dos 18 meses, e diminuiam durante o desenvolvimento. Entretanto, mesmo com a diminuição dos DRS, as crianças ainda apresentaram problemas de comportamento como hiperatividade, problemas de conduta, dificuldades com os colegas e distúrbios emocionais. De acordo com Karen Bonuck, principal autora do trabalho, os problemas de sono são um insulto ao corpo e à mente em desenvolvimento de uma criança. Ou seja, mesmo com uma eventual melhora dos problemas respiratórios, podem persistir algumas dificuldades cognitivas e problemas comportamentais. Isso nos alerta para o impacto sobre o desenvolvimento das crianças e adolescentes de outros problemas do sono, como privação do sono decorrente de uso até tarde de computadores, videogames, celulares e TV. Caso os distúrbios de sono sejam tratados, já há evidências de que os problemas cognitivos e de comportamento podem ser amenizados.
Enfim, neste grande estudo longitudinal de base populacional, os autores verificaram que os sintomas precoces de DRS têm efeitos estatísticos fortes e persistentes sobre o comportamento posterior na infância. Os resultados sugerem que os sintomas de DRS devem exigir atenção logo no primeiro ano de vida.
Referência:
Bonuck K, Freeman K, Chervin RD, Xu L. Sleep-disordered breathing in a population-based cohort: behavioral outcomes at 4 and 7 years. Pediatrics. 2012 Apr;129(4):e857-65. [Link]
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