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Baixo consumo de ácido fólico na gravidez pode estar associado a autismo

sexta-feira, 31 de agosto de 2012 2 comentários
O consumo de ácido fólico antes e durante a gestação é essencial para um bom desenvolvimento da criança. Um estudo publicado recentemente no American Journal of Clinical Nutrition constatou que as mães de crianças autistas tinham consumido menos ácido fólico através de alimentos e suplementos no início da gravidez do que as mães de crianças sem o transtorno.

Os pesquisadores entrevistaram 429 mães de pré-escolares com transtorno do espectro do autismo, 130 crianças com atraso de desenvolvimento e 278 crianças com desenvolvimento normal. As mulheres responderam sobre o consumo de alimentos e suplementos durante a gravidez para determinar o quanto de ácido fólico tinham consumido durante o mês. O consumo médio diário de ácido fólico foi quantificado para cada mãe com base na dose, marca e frequência de consumo de vitaminas, suplementos e cereais matinais relatados através de entrevistas por telefone.


Durante a gravidez, as mães de crianças sem autismo tinham consumido mais ácido fólico e vitaminas através de alimentos que o outro grupo. Essa diferença foi maior no primeiro mês (P1) de gravidez, quando as mães de crianças com desenvolvimento típico haviam ingerido cerca de 779 mg/dia de ácido fólico e 69% delas atendiam às recomendações diárias de vitamina B. Uma média de ingestão diária de ácido fólico de ≥ 600 mg (em comparação com <mg 600) durante o P1 foi associado com o risco reduzido autismo e as estimativas de risco diminuem com o consumo cada vez maior de ácido fólico. A associação entre o ácido fólico e risco reduzido de autismo foi mais forte para mães e crianças com uma determinada variante genética (MTHFR 677 C>T). Uma tendência para uma associação entre menor ingestão de ácido fólico materno durante os 3 meses antes da gravidez e atraso no desenvolvimento foi observada, mas não após o ajuste para fatores de confusão. A relação entre o consumo de ácido fólico e autismo se manteve mesmo depois de levar em conta fatores como idade, etnia, tabagismo e consumo de álcool materno durante a gravidez.

Em resumo, a pesquisa observou que o consumo de ácido fólico periconcepcional pode reduzir o risco de autismo em pessoas com metabolismo do folato ineficiente. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) tomou importante iniciativa ao lançcar nesta quinta-feira a recomendação de consumo de suplementos de ácido fólico para prevenir outros problemas graves do desenvolvimento: a anencefalia (defeito congênito na formação do cérebro e da medula) e a espinha bífida (formação anômala dos ossos da coluna vertebral). A recomendação da Febrasgo é que a mulher consuma 400 microgramas por dia de ácido fólico durante pelo menos um mês antes de engravidar e ao longo do primeiro trimestre de gestação - período em que o tubo neural está em pleno desenvolvimento. Daí a necessidade de planejamento da gestação. Outras iniciativas, como a suplementação obrigatória de ácido fólico na farinha de trigo, são de extrema importância. Essa medida já vem sendo implementada desde 2002 por determinação da Anvisa.


Referência:
Schmidt RJ, Tancredi DJ, Ozonoff S, Hansen RL, Hartiala J, Allayee H, et al. Maternal periconceptional folic acid intake and risk of autism spectrum disorders and developmental delay in the CHARGE (CHildhood Autism Risks from Genetics and Environment) case-control study. Am J Clin Nutrition 2012. [Link]

Veja também: Surén et al. Association Between Maternal Use of Folic Acid Supplements and Risk of Autism Spectrum Disorders in Children. JAMA 2013;309(6):570-577. [Link]

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