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Sexo e violência na TV, internet e games influenciam o comportamento dos jovens

terça-feira, 1 de janeiro de 2013 0 comentários
As notícias não são novas, mas merecem um comentário em virtude das calorosas discussões que têm surgido recentemente associando comportamento violento de jovens à violência em videogames e na mídia. Os primeiros estudos sobre o assunto mostravam que havia uma associação entre conteúdos violentos ou sexuais em videogames e mídia e um comportamento mais violento e sexualizado em crianças e adolescentes. Porém, não se sabia se a mídia piorava o comportamento ou se as pessoas que já tinha essas características de comportamento buscavam esse tipo de atividade (isto é, se um adolescente mais agressivo preferia games de tiro em primeira pessoa, por exemplo). Estudos posteriores mostraram que, de fato, há não apenas uma associação entre esses fatores, mas uma clara influência maléfica da exposição excessiva e precoce a determinados conteúdos sobre o comportamento. Ou seja, pode haver uma relação de causa e efeito. Obviamente que esse dado isoladamente não responde pelos massacres que têm ocorrido em escolas americanas, onde o acesso a armas é extremamente fácil e estimulado. Conteúdo sexual e agressivo em videogames e na mídia está disseminado no mundo, enquanto os ataques com armas de fogo ocorrem nos EUA em frequência incomparável a outros países. De todo modo, a preocupação com comportamentos agressivos é universal e, portanto, deve-se atentar para fatores que podem contribuir para o seu aumento. Seguem abaixo os resumos de três artigos científicos sobre o tema publicados em 2008 no periódico Pediatrics. Os resumos foram elaborados por Carol Potera e publicados no American Journal of Nursing.

Sexo na TV e gravidez na adolescência. Um total de 2.003 adolescentes (com idades entre 12 a 17 anos) foram perguntados quantas vezes eles assistiram 23 programas de TV populares que retratavam beijos apaixonados, conversa sexual e relações sexuais. Um a três anos mais tarde, eles foram entrevistados novamente; 744 adolescentes relataram ser sexualmente ativos. Aqueles que mais assistiram programas de TV com conteúdo sexual eram duas a três vezes mais propensos a engravidar ou engravidar alguém do que os adolescentes que assistiram pouco os programas. Os autores dizem que os resultados deste estudo longitudinal demonstram uma relação de causa e efeito entre assistir os shows e engravidar, com implicações para pediatras (que deve estar ciente dessa ligação), meios de comunicação (que devem esclarecer sobre os resultados negativos da exposição precoce ao sexo) e para os pais (que devem assistir televisão com seus filhos e falar com eles sobre sexo)

Web sites e violência adolescente. Um total de 1.588 adolescentes de 10 a 15 anos de idade foram questionados sobre os tipos de sites que eles visitaram. Jovens que frequentemente visitavam locais que retratavam cenas reais de combate, tiro ou morte eram cinco vezes mais propensos a relatar envolvimento em assaltos, facadas, roubos e outros comportamentos violentos do que aqueles que nunca visitaram sites violentos. "Violência online pode ser particularmente importante para a nossa compreensão de comportamentos violentos graves entre os jovens de hoje", escrevem os pesquisadores. Eles aconselham os profissionais de saúde para incentivar os pais a instalarem softwares que bloqueiam e filtram páginas violentas, como forma de reduzir o acesso à violência online

Videogames e violência. Adolescentes que cronicamente jogam videogames violentos se comportam de forma mais agressiva do que seus colegas que não jogam esses jogos. Os resultados foram observados tanto no Japão, considerado um país de cultura de "baixa violência", quanto nos Estados Unidos, uma cultura de "alta violência". Analisando dados de estudos com 1.231 estudantes japoneses (com idades entre 12 e 18 anos) e 364 estudantes norte-americanos (com idades entre nove e 12 anos), os autores descobriram que as crianças que jogavam games violentos no início do ano escolar apresentaram maior probabilidade de apresentarem agressão física como chutar, dar socos e bater três a seis meses mais tarde. Os autores concluem que o comportamento similar das duas culturas "apoia a teoria de que jogar videogames violentos é um fator de risco causal para aumentos relativos em agressividade física mais tarde ", e que exclui a noção de que as crianças naturalmente agressivas preferem jogos de vídeo violentos.

Referências:
Anderson CA, et al. Pediatrics 2008;122(5): e1067-e1072;
Chandra A, et al. Pediatrics 2008;122(5):1047–54;
Ybarra ML, et al. Pediatrics 2008;122(5):929–37 .


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