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Mães estressadas, filhas ansiosas!

sábado, 19 de janeiro de 2013 0 comentários
Estudo recente publicado no importante periódico Nature Neuroscience mostra que as meninas nascidas em famílias com altos níveis de estresse são mais propensas a sofrer de ansiedade na adolescência. Cory Burghy e colaboradores mostraram também que os bebês do sexo feminino que vivem com mães estressadas tinham níveis mais elevados de cortisol, um hormônio do estresse, e menor conectividade entre as áreas do cérebro que regulam a emoção (amígdala e o córtex pré-frontal ventromedial (CPFvm)). Entretanto, os bebês meninos do sexo masculino parecem não sofrer esses problemas.

Correlação entre os níveis de cortisol aos 4,5 anos
e conectividade cerebral aos 18 anos.
 


Os autores investigaram prospectivamente o papel do estresse emocional precoce e os níveis basais de cortisol na infância sobre o desenvolvimento da conectividade funcional em estado de repouso do circuito amígdala-CPFvm em adolescentes. Os pesquisadores analisaram cerca de 600 crianças e suas famílias, em 1990 e 1991. Algumas das crianças continuaram a participar do estudo e se submeteram ao exame de conectividade funcional por ressonância magnética ao final da adolescência

Esses resultados levantam questões sobre as diferenças na forma como estresse precoce afeta a vida das crianças. Sabe-se que as mulheres têm níveis mais elevados de transtornos de humor e ansiedade na adolescência e na vida adulta. O estresse sofrido precocemente pode ter relação com essas diferenças na regulação emocional em períodos mais avançados da vida. Entretanto, a relação ainda é bastante complexa e precisa ser melhor elucidada. O estudo observou que, nas meninas adolescentes, a conectividade funcional entre amígdala e CPFvm foi inversamente correlacionada com sintomas de ansiedade concorrentes, mas positivamente correlacionada com sintomas depressivos, o que pode ser inicialmente paradoxal, considerado que sintomas depressivos e ansiosos co-ocorrem em elevada frequência. Os autores destacam que, para as mulheres, os efeitos do estresse precoce e da consequente ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) pode deletérios posteriormente no processamento intrínseco de circuitos relacionados com a emoção do cérebro.

Referência:
Burghy et al. Developmental pathways to amygdala-prefrontal function and internalizing symptoms in adolescence. Nature Neuroscience 2012; 15:1736–1741.[Link]

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