Os sujeitos estudados foram crianças e adolescentes com (n=268) e sem (n=229) TDAH, acompanhados prospectivamente por um período de 10 anos. Os participantes foram avaliados com entrevistas estruturadas de diagnóstico para a psicopatologia e uso de substâncias. Ao longo dos 10 anos de seguimento, o TDAH foi um preditor significativo de qualquer transtorno por uso de substância (razão de risco de 1,47) e tabagismo (RR=2,38). Entre aquelas crianças com TDAH, os que tinham transtorno de conduta comórbido (RR=2,74) e transtorno desafiador-opositor (RR=2,21) no início do estudo também foram preditores significativos de uso cigarro, álcool e uso de outras drogas. Houve poucos efeitos de interação significativa do sexo. Nenhuma associação clinicamente significativa foi encontrada para fatores do ambiente social ou familiar, subtipo de TDAH, transtorno psiquiátrico (que não os transtornos disruptivos já citados), tratamento, desempenho acadêmico ou por fatores funcionamento cognitivo.
O estudo tem importantes limitações, como o uso de instrumentos de auto-relato ou de relato dos pais, que são menos sensíveis do que as entrevistas estruturadas e os exames toxicológicos. A amostra dos pacientes com uso de substâncias também é considerada pequena para o tipo de análise que os autores realizaram, o que pode ter gerado o chamado "erro tipo II", em que os autores não conseguem observar associações que potencialmente poderiam existir (de fato, os autores não observaram nada que pudesse predizer o uso de substâncias, além do próprio TDAH e comportamentos disruptivos). Estudos anteriores haviam demonstrado que sexo masculino, subtipo hiperativo/impulsivo de TDAH, mau desempenho escolar e desajustamento familiar eram fatores de risco para o uso de substâncias, enquanto o tratamento medicamentoso para o TDAH poderia ser capaz de preveni-lo.
Em outro estudo dos mesmos autores, 232 participantes com TDAH e 203 controles foram seguidos por um período mais curto de 5 anos. Nesse trabalho, o objetivo foi de avaliar se déficits de funções executivas de pacientes com TDAH eram capazes de predizer uso de substâncias. Mais uma vez, os autores falharam em observar qualquer associação entre os déficits de funções executivas e uso de drogas, contradizendo uma ampla literatura anterior que afirmava que poderia existir tal associação. Ambos estudos padecem das mesmas limitações e terminam por não encontrar os resultados esperados.
Apesar dessas limitações, os resultados desse trabalho indicam que o TDAH é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de transtorno por uso de susbstâncias (incluindo uso de álcool e tabagismo) em ambos os sexos. Além disso, transtorno de conduta e transtorno opositor-desafiador continuam sendo também um importante preditor uso de substâncias.
Referência:
1) Wilens TE, Martelon M, Joshi G, Bateman C, Fried R, Petty C, Biederman J. Does ADHD predict substance-use disorders? A 10-year follow-up study of young adults with ADHD. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2011 Jun;50(6):543-53.
2) Wilens TE, Martelon M, Fried R, Petty C, Bateman C, Biederman J. Do executive function deficits predict later substance use disorders among adolescents and young adults? J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2011 Feb;50(2):141-9.
2) Wilens TE, Martelon M, Fried R, Petty C, Bateman C, Biederman J. Do executive function deficits predict later substance use disorders among adolescents and young adults? J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2011 Feb;50(2):141-9.
1 comentários:
tenho tdah e detesto alcool cigarro e td mais
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